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sexta-feira, 6 de novembro de 2009

“O Solista”, drama de Joe Wright é um dos mais importantes lançamentos do ano.

O filme se inicia com imagens de um jornal sendo impresso, tendo ao fundo a voz de um de seus redatores ao dar início a um relato. A câmara revela os nomes do jornal e de quem assina uma determinada matéria: Steve Lopez, do Los Angeles Times. Ficou claro, portanto, que essa narrativa acontece em primeira pessoa. E que, além disso, essa pessoa é um jornalista amplamente conhecido nos EUA. Com esse procedimento áudio-visual, o diretor esclarece que o roteiro se fundamenta em personagens reais, deixando de lado os irritantes letreiros que costumam ser usados para isso. É comum ver filmes menores que este recorrendo a esse expediente, porque existe a idéia de que as peças de ficção ganhem credibilidade com o respaldo da “vida real”. E, assim, se mostrem tão respeitáveis quanto os documentários − com a vantagem de serem interpretadas por atores profissionais, seguindo roteiros capazes de atribuir dramaticidade à exposição da história. Como se as posições ideológicas e as fantasias dos realizadores pudessem ser referendadas por aqueles acontecimentos situados aquém da imaginação. Em outras palavras, assim como os documentários fazem asserções sobre o mundo, nas entrelinhas de seus roteiros os diretores do gênero “docudrama” veiculam valores, conceitos e interpretações acerca de si e do contexto histórico em que se situam. Este se baseia numa série de artigos de Steve Lopez publicada em 2005 sobre um morador de rua que tinha sido aluno brilhante da Julliard e concertista de violoncelo.
Protagonizado por Robert Downey Jr, no papel de Steve Lopes, famoso jornalista californiano, e por Jamie Foxx, interpretando um morador de rua que fora concertista de violoncelo – objeto das suas crônicas no Los Angeles Times. É dirigido pelo inglês Joe Wright, que fez o excelente “Desejo e Reparação” e escrito por Susannah Grant que redigiu o também premiado “Uma Mulher de Talento”. Essa dupla não quis seguir a já desgastada tradição hollyoodiana que se estende desde os anos 30, desenvolvida como meio de compensar o desespero social trazido pela crise de 29, e que consistia em fazer filmes para renovar a confiança das pessoas no sistema capitalista.

Como alguém informado por aqueles filmes, a princípio o personagem do Steve Lopez tenta transformar o músico de rua numa figura típica de filme de Frank Capra: em sua fantasia, ele acabaria superando os limites por conta de seu talento e conquistando a redenção por meio de uma segunda chance. Mas isso não ocorre e os realizadores de “O Solista” conseguem produzir emoção, mesmo contando a história de um perdedor. A propósito, as cenas em que ele reconsitui a zona de consumo de drogas de LA, um lugar mais tétrico que a Cracolândia paulista, esfaqueia qualquer coração. Na verdade, o jornalista quase perde a capacidade de acreditar, não apenas no sistema, mas em si mesmo. Esse é o tema real do filme, de resto um luxuoso exercício de estilo, com destaque para o casamento entre música e imagens, como na cena em que a cidade de Los Angeles como que flutua ao som de Beethoven. A trilha do impecável de Dario Badalenti é a moldura sonora para imagens de dolorida beleza, como o momento em que, sentado diane de uma sinfônica, o ex-músico recebe o impacto do primeiro acorde de um concerto de Beethoven.
O SOLISTA
The Soloist
Direção de Joe Wright
Inglaterra / EUA / França - 2009 – 117 min.
Gênero: drama / história
Distribuição Paramount
estréia 06/11/2009
Com Robert Downey Jr, Jamie Foxx e Catherine Keene

Um comentário:

Anônimo disse...

Sensibiliddade e incredulidade ,porem a persistência do jornalista nos faz encarar a esquizofrenia sob outro enfoque , mas o siginificado da amizade permanece.Bom demais