Encontre o que precisa buscando por aqui. Por exemplo: digite o título do filme que quer pesquisar

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Com "O Profeta", de Jacques Audiard retoma a vigorosa tradição do policial francês

O Profeta” é um filme francês que quase ganhou a Palma de Ouro e o Oscar de filme estrangeiro em 2010. É de fato um excelente trabalho de Jacques Audiard sobre um jovem delinqüente de origem argelina (Tahar Rahim), iniciante e analfabeto que se transforma em chefão dos traficantes parisiense. Isso praticamente sem sair da cadeia, onde cumpre pena de seis anos – tempo suficiente para completar o curso de graduação e doutorado em matéria de crime organizado. Não é uma história na linha de “Cidade de Deus”, mas o diretor Jacques Audiard declara que se inspirou na forma como Hector Babenco fez “Pixote” e “Carandiru”. Aqui as questões étnicas e sociais aparecem apenas como pano de fundo, porque o drama é construído em torno da figura do protagonista, um presidiário pé de chinelo que vai subindo na hierarquia criminosa da prisão, apoiado apenas numa incansável capacidade de lutar pela sobrevivência associada à total ausência de princípios morais − um verdadeiro animal político como descreveu Maquiavel. No começo, o filme quase se confunde com um documentário, descrevendo friamente o ambiente infernal do presídio que parece mais limpo e organizado que os brasileiros, mas acaba se mostrando até mais cruel. Aos poucos a ação vai esquentando e o ritmo dos acontecimentos se mostra tão envolvente que o filme chegou a ser atacado por alguns críticos franceses por telo considerado um mero seguidor dos modelos americanos. Engano total, porque “O Profeta” é único em seu estilo: feito de suspense, humor negro e até determinados elementos fantásticos que têm a ver com o título. É notável, por exemplo, a maneira irônica como ele usa a música, que vai comentando as peripécias do herói.
O núcleo da narrativa é um processo de ascensão política no qual o bandido novato é “protegido” pelo veterano líder da máfia dos corsos. Interpretado pelo nórdico Niels Arestrup, sem dúvida o melhor ator em cena, este personagem traz uma carga trágica que o aproxima de Don Corleone criado por Marlon Brando para “O Chefão”. A competência da direção fica evidenciada pela proeza de tornar plausível uma transformação tão radical como a que assistimos na trajetória da figura central e manter a ação dramática se intensificando sem cessar, praticamente dentro dos muros de um presídio.
O PROFETA
Un Prophète
França/ Itália - 2009 – 155 min. - 18 anos
estreia 18 06 2010
Gênero Drama / Policial
Distribuição Columbia
Direção Jacques Audiard
Com Tahar Rahim, Niels Arestrup e Adel Bencherif
COTAÇÃO
* * * *
ÓTIMO

Um comentário:

pseudo-autor disse...

É maravilhoso! Eu ficaria na dúvida esse ano na categoria oscar de filme estrangeiro (tanto esse como O Segredo dos seus olhos são excelentes). E eu concordo com o jornal do Brasil que o chamou de O Poderoso Chefão francês.

Cultura? O lugar é aqui:
http://culturaexmachina.blogspot.com