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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Como apostar (e acertar) em quem deverá receber as estatuetas do Oscar em 2011?

Quais serão os resultados do Oscar? Mesmo quem não é cinéfilo está curioso porque, afinal, este é o mais poderoso fenômeno de marketing da indústria cultural no ocidente. Tanto é assim que chega a tomar ares de campeonato mundial do cinema quando, na verdade, é somente a premiação daquilo que se produz (ou co-produz) nos Estados Unidos − com uma brechinha para os filmes estrangeiros que conseguem ser exibidos por lá. Começou em 1929, quando – mesmo em plena crise financeira – essa produção começou a se firmar como indústria exportadora de filmes e tomar consciência de si mesma. Ou seja, assim como os produtores de gado de uma região qualquer sempre se reuniram para premiar as melhores reses – com o objetivo de estabelecer um padrão de qualidade – os de Hollywood passaram a distribuir estatuetas entre si.
BETTE DAVIS RECEBE PREMIO EM 1938

Essa atividade era o corolário de um código de ética estabelecido pela Associação dos Produtores Americanos (MPAA) e que vigorou entre 1934 e 1967: centenas de normas e proibições faziam do cinema americano um produto impossível de ser contra-indicado para o consumo geral das famílias. De um lado, essa forma explícita de autocensura determinava o que era proibido fazer. De outro, o Oscar indicava o que deveria ser feito, para que cada empreendimento obtivesse lucro. Assim, o profissional premiado conseguia mais trabalho e pagamentos mais elevados. Para qualquer empresário, o contrato com um técnico ou com um ator “oscarizado” era garantia de serviço bem feito e atrativo para o público. O conceito de “Oscar winner” se tornava portanto um distintivo que identificava aquele que chegara ao topo. Algo como a patente de marechal para os militares ou o PHD para os acadêmicos, só que muito melhor remunerado. Essa gente tem hoje o salário publicado na internet, sempre em números de no mínimo cinco dígitos.
GINGER ROGRES E JAMES STEWART EM 1941

Com aquilo que chamamos de globalização da indústria cultural, esse sistema de estrelas e dólares passava a funcionar também como principal ferramenta de divulgação e venda para o mercado internacional. Um mecanismo que, acima de tudo facilita as coisas: em vez de publicar o currículo do artista, resumir as suas melhores críticas e enumerar os resultados de bilheteria, basta informar que ele foi indicado para o Oscar. Quem atribui esse prêmio não é uma determinada pessoa – como o papa, que decide nomear este ou aquele bispo como cardeal. Nem um grupo de notáveis – como os jurados de um festival – mas a própria indústria norte-americana, por meio de seus representantes setoriais, isto é, os sindicatos e demais associações. São os roteiristas que indicam os melhores roteiros, os atores que escolhem as melhores interpretações e assim por diante.
SHIRLEY TEMPLE E CAROLE COLBERT

Isso significa que as principais decisões resultam da votação de um colegiado de mais de mais ou menos 6 mil pessoas, votando em dois turnos. Cada setor profissional escolhe os indicados e, em seguida, o conjunto dos “acadêmicos” determina os vencedores. Isso, com exceção das categorias de animação, documentário e filme estrangeiro, para as quais se formam diferentes grupos de jurados. Os críticos e jornalistas não fazem parte desse processo e, nos EUA, os estrangeiros que lá trabalham fazem valer suas opiniões em outro prêmio: o Globo de Ouro.
O NÚCLEO DURO DE 2011

Por isso é estranho alguém imaginar que a Academia age assim ou assado, que tem determinadas preferências ou linhas de conduta, como se fosse um ser vivo dotado de caráter, emoções e personalidade. Embora seja possível identificar tendências ou probabilidades − como fazem, por exemplo, os analistas dessa entidade complexa que é o mercado. Por isso, ao crítico cabe principalmente a tarefa de externar as suas análises e interpretações individuais, bem como observar de modo objetivo as referidas “tendências” que, a rigor, não devem ser tomadas como previsões. Dessa forma, pode-se dizer que nesta 83ª edição, no domingo 27 de fevereiro, a cerimônia tenta se despojar de alguns antigos preceitos, como os de que o apresentador não pode ser também um indicado à premiação e deva ser um humorista. Este será James Franco (“127 Horas”), com o luxuoso apoio de Anne Hathaway. Outra novidade é o “cenário virtual”, que o cômico Ben Stiller já tinha ridicularizado numa edição anterior. O que isso quer dizer só poderá ser entendido quando as cortinas se abrirem,
Desta vez vários intérpretes mais jovens estão em disputa. Na categoria de melhor atriz, temos três profissionais com menos de 30 anos: Michelle Williams (“Namorados para Sempre”), Jennifer Lawrence (“Inverno da Alma”) e Natalie Portman (“Cisne Negro”), a favorita em todas as bolsas de apostas. Na área de melhor ator, o preferido nas redes sociais é (e nem poderia deixar de ser) Jesse Eisenberg (“Rede Social”), com James Franco (“127 Horas”) correndo por fora. Eles são os representantes de uma nova geração enfrentando os tios Colin Firth (“O Discurso do Rei”) e Jeff Bridges (“Bravura Indômita”) – este com o maior índice de rejeição, por ter recebido a estatueta no ano passado. Poderíamos gastar milhares de caracteres em constatações como esta. Mas o que o comentarista pode oferecer de melhor e mais útil para os leitores são suas escolhas pessoais junto, porém, com as inevitáveis dúvidas e indecisões. Aliás, parece ser praticamente impossível comparar os melhores espetáculos em competição porque são filmes de diferentes naturezas, que partem de premissas específicas para chegar a resultados absolutamente diferenciados. Seguem abaixo minhas incertezas e decisões:

Melhor Filme: “O Discurso do Rei” ou “127 Horas”
Melhor Diretor: David Fincher (“A Rede Social”) ou Dany Boyle (“127 Horas”)
Melhor Ator: Colin Firth (“O Discurso do Rei”) ou James Franco (“127 Horas”)
Melhor Atriz: Natalie Portman (“Cisne Negro”)
Melhor Ator Coadjuvante: Christian Bale (“O Vencedor”)
Melhor Atriz Coadjuvante: Melissa Leo (“O Vencedor”)
Melhor Roteiro Original: Christopher Nolan (“A Origem”)
Melhor Roteiro Adaptado: Aaron Sorkin (“A Rede Social”)
Melhor Animação: Toy Story 3
Melhor Filme Estrangeiro: Em Um Mundo Melhor (Dinamarca)

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