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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Lançado em DVD “Notícias da Antiguidade Ideológica – Marx, Eisenstein e O Capital”

Pouco antes de morrer o russo Sergei Eisenstein (imagem acima) − genial criador de “O Encouraçado Potemkim”, “Alexander Nevski” e “Ivan o Terrível” − tomou a decisão de filmar O Capital, de Karl Marx. A idéia era partir da estrutura literária de Ulisses de James Joyce para revelar em cinema o pensamento marxista, algo aparentemente possível para quem sempre ambicionou filmar idéias. Eisenstein não viveu o tempo necessário para começar o filme, mas deixou copiosas anotações que serviram de base para um ensaio audiovisual de Alexander Kluge (imagem abaixo) chamado “Notícias da Antiguidade Ideológica – Marx, Eisenstein e O Capital”.
Numa ousadia da Versátil, a obra é apresentada em versão integral com oito horas de duração e ainda mais de uma hora e meia de extras, incluindo uma entrevista de 25 minutos com Jean-Luc Godard (imagem abaixo) − numa caixa com três DVDs, junto com um encarte especial de 64 páginas escrito por Alexander Kluge para explicar o projeto: uma copiosa colagem de textos, pedaços de filmes e de músicas, depoimentos, debates, encenações e documentários. Como tônica a direcionar todo o trabalho, aparece a tentativa de trabalhar com o texto filosófico e econômico de Marx em sua dimensão poética. Atores de teatro, por exemplo, declamam páginas do Grudrisse e do Manifesto Comunista destacando a sonoridade quase musical das frases em idioma germânico.
Considerado um dos mais importantes intelectuais alemães, na juventude, Kluge conviveu com Theodor Adorno e Fritz Lang. Foi um dos autores do Manifesto de Oberhausen, que deslanchou o movimento do Novo Cinema Alemão, do qual participaram também Fassbinder, Herzog, Margarethe von Trotta, Volker Schlöndorff e Wim Wenders. Realizado em 2008, “Notícias” é uma obra polimórfica que reflete sobre a atualidade do pensamento de Marx (imagem abaixo) na sociedade contemporânea. Inclui participações especiais de figuras como o cineasta Tom Tykwer, autor de “Corra Lola Corra” e de uma preciosa entrevista com o pensador Hans Magnus Enzensberger, um raro remanescente da escola de Frankfurt. “Notícias da Antiguidade Ideológica” documenta uma aventura intelectual absolutamente única.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

“Confiar” consiste num alerta vigoroso e dramaticamente elaborado

Com Catherine Keener e Clive Owen, “Confiar” trata de um tema extremamente atual, abordado sob a forma de alerta. De modo geral, os pais ainda não sabem o que fazer com o computador, que as crianças começam a acessar cada vez mais precocemente. Neste filme, uma menina de 13 anos se apaixona pela internet por um garoto de 16 que, na verdade tem mais de 36. Escondido da família e dos amigos, depois de meses de namoro virtual, ela marca um encontro e é abusada sexualmente. O roteiro seria equivalente a uma mera crônica policial se, por meio de uma estrutura dramática que pode conduzir à reflexão, as coisas todas não se complicassem bastante depois do evento. Primeiro porque, talvez para se afirmar perante os mais velhos, ou até para se justificar, a moça acredita ter sido realmente amada pelo estuprador.
Além disso, aparentando gentileza e sensibilidade, este não é desenhado como a figura óbvia, carregada nas tintas da anormalidade daquele maníaco sexual que costuma habitar os dramas de Hollywood. Na realidade, ele é uma pessoa fria, segura de si e mais, digamos, equilibrada do que o próprio pai da vítima (Clive Owen), que acaba perdendo as estribeiras e a sanidade mental quando percebe que a polícia é incapaz de localizar o pedófilo. Esse tratamento menos romantizado da história como vimos, por exemplo, em “Busca Implacável” (2008), com Liam Neeson resolvendo as coisas à tapa, é o que faz a diferença em “Confiar”.


CONFIAR
Trust
estreia 23 09 2011
EUA, 2010, 105 min, 14 anos
gênero drama / família
Distribuição Imagem Filmes
Direção David Schwimmer
Com Catherine Keener, Clive Owen, Liana Liberato
COTAÇÃO
* * *
B O M

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

No Centro Cultural de São Paulo a retrospectiva de importante cineasta japonês


Até o dia 28 deste mês, o Centro Cultural São Paulo apresenta um panorama representativo do cineasta japonês Yasuzo Masumura, diretor de 57 filmes, que influenciaram vários diretores ocidentais até os anos de 1990. É o caso de Steven Spielberg, Mike Nichols, Quentin Tarantino e tantos outros . Contemporâneo de gente, como Samuel Fuller, Douglas Sirk e Nicholas Ray, Masumura consegue amplificar a estética e os temas com os quais estes diretores sempre trabalharam com mais sutileza. No Japão, Masumura é o precursor da chamada Japanese New Wave e já foi chamado de o Douglas Sirk japonês, por filmes como “O Precipício” e “Gigantes e Brinquedos”, ambos incluídos na mostra. Ele diz: “meu objetivo é criar uma realidade exagerada contendo apenas as idéias e paixões humanas, nada mais". A mostra traz 18 filmes inéditos no Brasil, todos em 35 mm. Salienta-se “Gigantes e Brinquedos”, em que um propagandista de uma grande empresa de doces busca uma nova estratégia de venda para seus produtos. Uma obra prima que retrata o grande crescimento econômico japonês da década de 1960. Outro destaque é “Cega obsessão”, de 1969, um escultor cego rapta sua modelo e tenta reproduzir seu corpo apenas a partir do tato. No início a modelo tenta escapar deste pesadelo, mas gradualmente se vê envolvida pelos desejos perigosos do escultor. Como o CCSP fica na Liberdade, essa mostra representa a volta do cinema japonês para aquele bairro.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O clássico dos quadrinhos “Conan – o bárbaro” reaparece em produção ambiciosa.

Numa produção bem cuidada e ambiciosa, lançada com o exagero de 300 cópias no Brasil, chega aos cinemas “Conan – o bárbaro”, um personagem da literatura popular e dos quadrinhos que tem uma legião de admiradores − entre os quais se inclui o presidente Barak Obama, que, coleciona as suas revistas desde que foram lançadas em 1970. (abaixo, numa capa de Frank Frazetta). O provável desapontamento desse pessoal deve-se principalmente à escolha do ator para interpretá-lo: o havaiano Jason Momoa, tão inexpressivo quanto musculoso e que consegue ser pior do que Arnold Schwarzenegger, da versão anterior, feita em 1982.
Criado em 1932 pelo escritor de pulp fiction (literatura barata distribuída em bancas de jornais) Robert Howard, o personagem inaugurou uma modalidade de narrativas juvenis de aventura que os americanos batizaram de sword and sorcery, ou seja, “espada e bruxaria” – fértil em violência e misticismo fantástico. Esse gênero, na verdade, tinha raízes nas aventuras de Tarzan, publicadas 20 anos antes por Edgard Rice Burroughs e deu origem a produtos que vendem muito até hoje, como por exemplo a saga “Senhor dos Anéis”. Trata-se de uma mistura de várias mitologias, da grega até a nórdica e a celta, que se justifica pela ambientação da história na lendária Atlântida, onde vale tudo, até a convivência entre referências históricas e uma desenfreada fantasia. Há por exemplo, uma defesa das comunidades primitivas em relação aos tiranos supostamente civilizados do mundo antigo.
Cogitado para dirigir “Alice” antes de Tim Burton, o diretor Marcus Nispel, aliás, tem no currículo um trabalho bem interessante nessa linha que foi “Os Desbravadores” (2007), sobre a suposta invasão dos vikings à América no norte, antes de Colombo. Do ponto de vista visual, por meio de bons figurinos e uma impressionante direção de arte, o filme é majestoso, numa tentativa de imitar a grandiosidade dos épicos italianos dos anos 1950. Mas, o roteiro peca pela falta de humor e pelo excesso de cenas de lutas e batalhas, lembrando o exagero dos velhos filmes chineses de kung-fu.


CONAN – O BÁRBARO
Conan The Barbarian
EUA, 2011, 115 min, 16 anos.
estreia 19 09 2011gênero aventura / fantasia
Distribuição California
Direção Marcus Nispel
Com Jason Momoa, Rachel Nichols,
Stephen Lang, Rose McGowan
COTAÇÃO
* *
REGULAR

domingo, 11 de setembro de 2011

Diversão garantida pela marca de Steven Spielberg em "Cowboys & Aliens"

Mesmo com ingredientes típicos dos filmes de ficção científica, “Cowboys & Aliens” é um western dos mais clássicos, com todos aqueles elementos que formaram o gênero: Primeiro, o estranho sem nome que se revela um hábil pistoleiro e facínora com a cabeça a prêmio, ainda que corajoso e de bom coração – papel a cargo de Daniel Craig. Olivia Wilde é mocinha que simboliza o amor e a compaixão e Harrison Ford o velho e despótico estancieiro, dono de gado e gente, que manda numa cidadezinha perdida na pradaria. E aí tem tudo: sherife, pregador, saloon com bêbado, cachorro, menino órfão e tiroteio. Na periferia, encontram-se os indispensáveis apaches selvagens, desfiladeiros e até mina de ouro.
Detalhe a mais na paisagem, aparece uma nave espacial tripulada por cruéis e repelentes extraterrestres predadores, decodificados pelos demais personagens como demônios. Como temperos nessa já apetitosa salada, o produtor Steven Spielberg acrescenta a tradicional procura por parentes abduzidos, mensagens melodramáticas criticando a intolerância racial e a luta do protagonista pela superação coroada por uma magnífica batalha campal em que os poderosos raios alienígenas enfrentam as flechas, os punhos, os tiros e a dinamite de um exército por formado por vaqueiros, índios e bandoleiros. O mais incrível é que a direção de Jon Favreau, segura à unha a unidade narrativa na fluência do roteiro e na consistência dos personagens. “Cowboys & Aliens”, portanto, é divertimento de primeira, capaz de contentar ianques, comanches e marcianos.


COWBOYS & ALIENS
Cowboys & Aliens
EUA, 2011, 118 min, 12 anos
estreia 09 09 2011
gênero faroeste / ficção científica
Distribuição Paramount
Direção Jon Favreau
Com Olivia Wilde, Harrison Ford e Daniel Craig
COTAÇÃO
* * *
B O M

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Reflexão e dúvidas sobre o mercado de cinema no Brasil. O que você acha disso?

O brasileiro começa a freqüentar mais os cinemas. Confirmando o bom momento vivido pelo cinema no Brasil, levantamento realizado pelo Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual revela que vários recordes foram quebrados neste último mês de julho, considerando-se as três últimas décadas. O ano de 2011 tem mostrado mais frequência do público brasileiro ao cinema que os anos anteriores. Com cinco finais de semana, o mês de julho teve uma venda total de 19,749 milhões de ingressos, 900 mil a mais que o recorde mensal anterior, de julho de 2010.
Isso é muito bom para o negócio de cinema no Brasil. Mas, será que é bom tb para o cinema brasileiro? Não podemos esquecer que o nosso mercado, em sua maioria, é um feudo do cinema americano. A Argentina, que tem o mesmo problema, decidiu criar taxas alfandegárias para a exibição de filmes estrangeiros no país. A medida visa proteger a produção nacional, contendo o volume dos lançamentos dos chamados blockbusters que chegam a ocupar até 80% das salas argentinas. Os valores serão calculados por região, de acordo com o do número de telas utilizadas. No entanto, os lançamentos com menos de 20 cópias devem ficar livres do pagamento das taxas. No caso de Buenos Aires, por exemplo, filmes estrangeiros que são exibidos em 40 telas devem pagar o valor equivalente a 300 ingressos. Como o público brasileiro de cinema veria uma medida desse tipo?

domingo, 4 de setembro de 2011

"Um Conto Chinês": filme argentino de baixo orçamento, porém de alta qualidade

Imagine a notícia de que, no extremo oriente, uma vaca cai do céu justamente sobre um barco no meio de um lago. A reportagem é ao mesmo tempo trágica e cômica, aparentemente sem explicação. Por isso é recortada de um jornal lido pelo protagonista do filme que, há anos, coleciona esse tipo de matéria. Esta é a única diversão do solitário interpretado por Ricardo Darin em “Um Conto chinês”. Ele é um comerciante – dono e único funcionário de uma loja de ferragens num bairro humilde de Buenos Aires. Homem rabugento e metódico, pobre, mas honestíssimo, amargo, mas de bom coração. Uma pessoa tão presa à rotina que toda noite, ao se deitar, espera o relógio marcar 23 horas para apagar a luz do abajur.
Todos os anos ele compra um bibelô de cristal e coloca sob o retrato da mãe que nunca conhecera, porque morreu quando lhe deu a luz. Seu passatempo de fim de semana é estacionar o velho carro diante do aeroporto e tomar uma cerveja apreciando os pousos e decolagens. Num desses dias, ele vê um jovem chinês ser arremessado de um taxi e socorre o rapaz. Percebe que o recém chegado da China fora assaltado e que só ficara com a roupa do corpo. O problema é que nenhum dos dois conhece uma só palavra da língua do outro. Ainda assim ele aceita que o oriental fique hospedado em sua casa e passa a ajudá-lo na busca de seus parentes.
Assim se inicia o este filme argentino que, apesar de modesto em termos de produção, com meia dúzia de personagens e poucas locações traz excelentes atores como o grande Ricardo Darin, de “O Segredo dos teus Olhos”. Conta uma história simples e comovente, num balanço perfeito entre humor e drama, além de diálogos enxutos e exatos. Ou melhor, quase inexistentes, por que Darin e seu hóspede só se comunicam por gestos ou por meio de um empregado num restaurante chinês. Qual a ligação disso tudo com a vaca que caiu do céu? Sinto, mas para ter essa resposta, é preciso ver o filme.

UM CONTO CHINÊS
Un Cuento Chino
estreia 02 09 2011
gênero comédia / crítica social
Argentina, 2011, 93 min, 14 anos
Distribuição Paris Filmes
Direção Sebastián Borensztein
Com Ricardo Darín, Muriel Santa Ana e Huang Sheng Huang
COTAÇÃO
* * * *
ÓTIMO

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O melhor filme brasileiro de 2011 poderá ser "O Homem do futuro", de Claudio Torres.

"O Homem do Futuro" é o melhor brasileiro lançado até agora neste ano. Escrito e dirigido por Cláudio Torres, um cineasta que vem crescendo a cada trabalho. Primeiro, ele surpreendeu com a maturidade de “Redentor”, uma tragicomédia social lançada em 2005, que os críticos elogiaram, mas que não obteve uma bilheteria expressiva. Em seguida, subiu para o degrau da aceitação popular, em 2009 com “A Mulher invisível” com Selton Mello, que até deu origem a um bem sucedido seriado na TV. Agora com seu último trabalho, ele prova que o cinema brasileiro não precisa abrir mão da qualidade para conquistar o interesse do público.
E mostra que, ao contrário, para atingir essa meta é necessário reunir o máximo de recursos estéticos e profissionais, ou seja, uma equipe afinada e competente. Todos os aspectos da produção funcionam aqui em harmonia: atores centrais e coadjuvantes, direção de arte e trilha sonora, cenários e locações, até os efeitos especiais, indispensáveis a uma "comédia de ficção científica", demonstram eficiência e profissionalismo.
Provavelmente desde o berço (Claudio Torres é filho de Fernanda Montenegro e Fernando Torres) o diretor sabe que não basta incluir no elenco estrelas de TV, a não ser que também sejam intérpretes habilidosos, como Alinne Moraes e principalmente Wagner Moura – aqui em seu papel mais expressivo no cinema, superior até a sua atuação em “Tropa de Elite”, porque faz três papéis reunidos num só: um cientista quarentão, afetivamente frustrado e solitário que, sem querer, inventa uma máquina do tempo e se encontra com o jovem que era 20 anos antes. Ao regressar ao presente, porém, depara com o canalha em que tinha se transformado e trava uma batalha consigo mesmo, ao voltar de novo ao passado para tentar consertar o estrago. Trata-se, portanto, de um enredo bastante complexo que, mesmo assim, serve de apoio a uma comicidade leve, fluida e sobretudo capaz de fazer rir e pensar.


O HOMEM DO FUTURO
Brasil, 2011, 106 min, 10 anos
estreia 02 09 2011
gênero comédia / ficção científica
Distribuição Paramount
Direção Cláudio Torres
Com Wagner Moura, Alinne Moraes,
Fernando Ceylão, Maria Luísa Mendonça
COTAÇÃO
* * * *
ÓTIMO