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quinta-feira, 26 de julho de 2012

Sean Penn tem uma atuação surpreendente em “Aqui é o meu lugar”, de Paolo Sorrentino


Paolo Sorrentino é um diretor napolitano de 42 anos que foi elogiado por aqui com “O Divo” (2008), sobre a vida do político Giulio Andreotti que, por sete vezes, assumiu o cargo de primeiro ministro. Agora, nesta produção franco-italiana e irlandesa, ele nos apresenta um personagem americano, numa espécie de road movie através dos Estados Unidos. Em “Aqui é o meu lugar”, Sean Penn faz um astro de rock há décadas aposentado, mas que continua rico, morando numa mansão na Irlanda, vendendo discos e cultuado por um vasto contingente de admiradores. O motivo da interrupção na carreira é o fato dela, de algum modo, ter servido de mau exemplo para uma dupla de jovens que morreram. Não somos informados inteiramente do que se passou, mas esse é o estilo do filme, que se desenvolve por meio de acontecimentos mais sugeridos do que explicados.
O detalhe é que o ex-artista continua se vestindo do mesmo modo que no tempo em que atuava, sempre de preto, com o rosto pintado de branco e a boca de baton vermelho. Uma figura um tanto tristonha e patética, lembrando a máscara de um ator de teatro kabuki. O personagem se movimenta meio que cambaleando e só fala em voz baixa e contida, quase num sussurro. Parece deprimido, mas, segundo a esposa interpretada por Frances Mc Dormand, está apenas entediado. Até que o pai morre e ele vai para o enterro em Nova York, onde fica sabendo que o ancião passara a vida perseguindo um dos derradeiros criminosos nazistas ainda vivo e que o humilhara em Auschwitz. A narrativa se complica quando o cantor decide continuar aquela missão e parte em busca de vingança.
O texto do próprio Sorrentino se mostra pretensamente sofisticado ao semear o caminho do protagonista com episódios insólitos, como o encontro com o inventor da mala com rodinhas – acessório misterioso que, aliás, o roqueiro usa o tempo todo. A movimentada trilha sonora de David Byrne, por outro lado, compensa o clima depressivo que tende a predominar. Destoando de seus trabalhos anteriores e talvez por imposição do próprio personagem, a atuação de Sean Penn se mostra aparentemente monocromática, deixando para os olhares do ator todas as nuances necessárias ao entendimento das situações. Outro recurso que auxilia a sua composição é o inesperado humor de alguns diálogos. Por exemplo, percebendo que o marido está viajando pelo interior da América, a esposa pergunta ao telefone se ele anda em busca de si mesmo. Ao que ele responde que não: isso seria se ele estivesse... na Índia.

AQUI É O MEU LUGAR 

This Must Be the Place 
estreia 27 07 2012
gênero comédia / social / drama
França/Itália/Irlanda, 2011, 120 min, 12 anos
Distribuição Imagem
Direção Paolo Sorrentino 
Com Sean Penn e Frances McDormand
COTAÇÃO

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B O M

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