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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Segue em cartaz "360", o belo filme globalizado de Fernando Meirelles. Vale conferir.


Como sabemos, “360” é a adaptação de um texto teatral do austríaco Athur Schnitzler (1862-1931) que, em 1950, já tinha sido filmado por Max Ophuls (1902-1957), como o nome de “La Ronde”. Era um enredo que não tinha um único núcleo dramático, mas uma série deles, que se transferiam de um personagem para outro, todos ligados factualmente entre si, até que o último coincidisse com o primeiro, como que fechando um círculo. O autor se inspirou numa rua circular de Viena que, por sinal, é o lugar em que o filme de Fernando Meirelles se encerra. A peça, portanto, não obedecia a tradição da dramaturgia clássica, em que o conflito central do espetáculo era individualizado na figura de um protagonista. Essa linha foi incorporada em sua essência pelo cinema ocidental, principalmente o americano. 
Curiosamente essa mesma estrutura foi recentemente adotada em “Até a eternidade” (Les Petits Mouchoirs – 2010) lançado em julho passado. Dirigido e escrito por Guillaume Canet, o roteiro, no entanto, segue outra regra do teatro clássico que é a da unidade espacial. Isto é, coloca uma dúzia de personagens numa casa de praia, aonde os conflitos também vão passando de um para outro, até que o acaso resolve tudo na cena final, em que todos se abraçam numa roda selada pelos diversos afetos que os aproximam. Em “360”, porém, além de o conflito central ser coletivizado, a regra clássica da unidade espacial também não é respeitada, ou seja, a história salta de Viena para Paris, Londres, Bratislava, Rio de Janeiro, Denver e Phoenix, para voltar a Viena. 
No entanto, a convenção da unidade temporal é obedecida, sem qualquer flashback, numa narrativa que se acelera a cada instante, privilegiando momentos de suspense, construídos por Meirelles de modo especialmente hábil. Principalmente a sequencia que envolvia a atriz Maria Flor e os atores Bem Foster e Antony Hopkins. Essas passagens assustadoras foram as mais comentadas dentre tudo o que se escreveu a respeito do filme, talvez porque tenham sido as que individualizam a emoção. Ou seja, o público tende a se interessar mais pelos personagens que correm perigo de vida ou se que encontram em situações extremas. De fato, a trama se esgarça e a dramaticidade do todo se dilui entre as partes. De resto, “360” é um belo trabalho de atores, montagem e direção que merece ser visto.
“360” 

Reino Unido/Áustria/França/Brasil, 2012, 115 min, 16 anos.
estreia 17 08 2012
gênero drama / suspense / romance
Distribuição Paris Filmes
Direção  Fernando Meirelles
Com Maria Flor, Juliano Cazarré, Ben Foster, Moritz Bleibtreu,
Rachel Weizs, Anthony Hopkins e Jude Law
COTAÇÃO
* * *
BOM

2 comentários:

Juliana Geve disse...

Muito interessante o seu blog, Luciano. Vou passar a frequentá-lo antes de comprar entradas.

Luciano Ramos disse...

Será um prazer poder ajudar em suas escolhas.