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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Em "Lincoln", Spielberg descreve e discute a formação da república norte-americana


A maioria dos candidatos ao Oscar de melhor filme se acha ofuscada diante da magnitude de “Lincoln”, de Steven Spielberg. Não é uma produção típica do diretor, como foram os recentes “Cavalo de Guerra” e “As Aventuras de Tin Tin” – obras voltadas prioritariamente para o entretenimento. Trata-se de um projeto dedicado à ampliação do conhecimento acerca da história e da política e que dá oportunidade para um grande ator exercitar como poucos a sua arte dramática: Daniel Day Lewis (“Sangue Negro”, 2007) simplesmente se anula como pessoa, para interpretar esse que foi o mais querido e respeitado presidente dos Estados Unidos, aquele que aboliu a escravidão no país. A caracterização impressiona pelo uso simultâneo de todos os recursos disponíveis para o intérprete: da voz ao olhar, da postura física e gestual ao estilo de discurso. 
Ele não fazia o menor esforço para encantar as plateias e parecia não possuir qualquer carisma. E Lewis consegue provar que essa era a sua maneira de ser carismático e seduzir as massas. Tinha predileção por parábolas que, se diferenciavam das de Jesus por serem todas de cunho político. Como o caso do papagaio que todo dia grasnava que o mundo ia acabar. Até que dono deu-lhe um tiro e, pelo menos para ele, a profecia se concretizou. 
Diferente da nossa princesa Isabel que só precisou de uma canetada para resolver a questão, Abrão Lincoln enfrentou uma longa batalha parlamentar para que os deputados votassem o fim da escravatura. O filme reconstitui esse processo, junto com o final da sangrenta guerra da Secessão e se resume a uma série de articulações e debates no plenário da Câmara dos Representantes. 
Interpretada com excepcional garra e entusiasmo, a primeira dama ficou a cargo de Sally Field (“Brothers & Sisters” – 2006, “A Noviça Voadora” – 1967). Ela funciona quase como um alter-ego do protagonista, sempre mergulhada numa mistura de sentimentalismo e intuição, contrastando com a moralidade de Lincoln, esculpida no mármore da ação racional. O roteiro é cirúrgico em sua proposta de colocar em discussão os mecanismos pelos quais caminha a história, entre eles os meandros da ética, nessa atividade em cujo cotidiano sempre existiu o chamado “toma lá, da cá”, ou seja, o jogo de interesses. Spielberg questiona, por exemplo, até que ponto teria sido lícito oferecer cargos públicos em troca de votos pelo fim da escravidão. E o presidente se questionava se seria legítimo abolir a instituição do escravismo antes do fim da guerra civil. A cena em que ele explicita as suas próprias incertezas para o seu gabinete é o momento central do espetáculo.


LINCOLN 
EUA, 2012, 153 min, 10 anos.
estreia 25 01 2013
gênero drama/ história/ política
Distribuição Fox Film
Direção Steven Spielberg

Com Daniel Day Lewis, Sally Field, 

Joseph Gordon-Levitt, Tommy Lee Jones 

COTAÇÃO
* * * *
ÓTIMO




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