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quarta-feira, 14 de maio de 2014

Em "O Passado", Asghard Farhadi levanta antecedentes dos personagens sem "flash backs"

Mais do que uma simples história, O Passado de Asghard Farhadi é um ensaio sobre a memória, a consciência moral e a própria linguagem do cinema. Ao contrário do seu trabalho anterior -- A Separação, premiado com o Oscar, que operava na urgência do presente, se debruçando para as múltiplas possibilidades do futuro. Enquanto A Separação se desenrolava à beira de um rompimento familiar prestes a ocorrer ainda no Iran, O Passado se passa com parte de uma família já vivendo na França.
O filme se inicia com o marido voltando a Paris para oficializar o seu divórcio, porque a mulher que lá ficara com as filhas precisa se casar novamente. Ela é interpretada pela fotogênica e talentosa Berenice Bejo, esposa do diretor Michel Hazanavicius, com quem tinha feito o premiado O Artista. Meio que sem querer, esse quase ex-marido acaba descobrindo fatos extremante constrangedores a respeito do novo relacionamento da mulher.
A essência estrutural do roteiro é a opção por evitar o flash back. De modo que tudo o que tinha acontecido antes do início do filme precisa ser revelado, debatido e julgado nas cenas que passam naquele curto período em que o divórcio é assinado. Em outras palavras, o passado só pode se manifestar no presente, o que desafia a habilidade narrativa do diretor, mas amplia dramaticamente a sensação de vida real vibrando de verdade diante de nós. O Passado: outra grande obra de Asghard Farhadi, o lado mais vivo do cinema iraniano.

O PASSADO
Irã, França, 131min, 12 anos
estreia 08 05 2014
gênero drama/ família
Direção Asghard Farhadi
Distribuidor Califórnia Filmes
Com Bérénice Bejo, Tahar Rahim e Ali Mosaffa
COTAÇÃO
* * *
Ó T I M O

2 comentários:

Enaldo Soares disse...

Fiquei muito a fim de vê-lo.

Enaldo Soares disse...

Luciano, está sumido, tudo bem com você?

As suas resenhas fazem falta.

Um abraço.