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quarta-feira, 18 de março de 2015

Quatro filmes brasileiros estreiam em 19 de março: infelizmente nenhum se salva

Nesta semana são lançados quatro filmes brasileiros, mas, infelizmente dotados de poucos pontos positivos. Digo isso apesar da competência dos atores e dos técnicos que trabalharam neles e que, visivelmente, se esforçaram para fazer o melhor possível. Já pronto desde 2012, Meus dois Amores é uma comédia regional e de época baseada em conto de Guimarães Rosa. Foi produzida pela Globo Filmes, com um elenco de primeira, que inclui Lima Duarte, Alexandre Borges, Caio Blat e Maria Flor. Toda falada em sotaque do interior de Minas, a trama é de difícil entendimento, principalmente pela fragilidade do roteiro que mistura tramas confusas e inconsistentes.
Na pele de um coronel, Lima Duarte está perfeito. Aliás, ele estaria bem, mesmo que não lhe dessem personagem algum. Por outro lado, Guilherme Weber e Milton Gonçalves se acham completamente deslocados. O pior é que um dos dois amores do protagonista Caio Blat é Maria Flor, enquanto o outro é uma mula, com a qual ele dorme toda noite... de conchinha

Decepção maior ainda é O Duelo, com direção de Marcos Jorge que, em 2007 nos deu o excelente Estomago. O roteiro se baseia no livro “Velhos Marinheiros” de Jorge Amado e traz o habilidoso ator português Joaquim De Almeida, além de Jose Wilker e Claudia Raia. Nenhum deles está bem, porque faltou o mais importante: roteiro e cuidado de produção.

Não há unidade nos figurinos e nem na ambientação de época. O livro foi escrito em 1961, a partir de referências que Jorge Amado trazia de muito antes. Mas tudo se passa num presente totalmente implausível. Verdadeiramente uma pena pelo desperdício de talentos.

Insubordinados é um trabalho de Edu Felistoque e da atriz Silvia Lourenço, colaborando aqui também como roteirista, filmado em elegante branco e preto. Na verdade esse longa é uma remontagem de trechos do seriado “Bipolar”, do mesmo diretor e já exibido na televisão.
Na verdade acrescentou-se a trechos de capítulos da série, um material filmado posteriormente e criado por Silvia Lourenço. Essas novas imagens contam uma pequena história dentro da qual se encaixa a ação contida no episódio
.
Uma tenente da PM interpretada pela Silvia vem passando as noites num hospital, onde seu pai se acha em estado de coma. Com o objetivo de passar melhor o tempo, ela começa a escrever um livro policial que corresponde exatamente às peripécias centrais do seriado. (foto abaixo)
O problema, porém, é o vazio que habita essa sequencia da moça que escreve um texto de ficção, enquanto aguarda a morte do pai. Nessa espera nada acontece de interessante e a vemos vagando pelos corredores, batendo papo com o faxineiro e conversando com a médica sobre o texto em processo de elaboração. Poderia ser uma experiência estética de confronto entre dois discursos ficcionais. Mas tudo não passa de tempo perdido.


Para facilitar a produção, mas dificultado a clareza da narrativa, a atriz Silvia Lourenço desenvolve dois personagens neste Insubordinados. Com cabelos longos, ela faz a tenente que é escritora nas horas vagas. Já de cabelos curtos, ela interpreta uma delegada especialmente agressiva, acompanhada por dois parceiros não menos violentos. Para complicar, a líder dessa equipe policial é interpretada por Priscila Alpha (foto acima) -- aliás, a mesma atriz que faz o papel da médica que atende o pai da Silvia, na outra história. Deu pra entender?

Branco Sai, Preto Fica foi o mais importante vencedor do Festival de Brasília de 2014, onde – além de melhor filme, arrebatou outros 10 prêmios. Se alguém estiver achando esse resultado um exagero, acertou. Mesmo que, naquela competição os de ficção filmes apresentassem uma qualidade muito baixa. Tanto assim, que o júri popular escolheu como melhor filme o documentário Sem Pena, sobre o nosso sistema carcerário.

É possível que a comissão julgadora tenha se impressionado pelo fato do filme ter sido feito por um coletivo recrutado em Ceilândia, uma das cidades satélite do Distrito Federal. Ou seja, trata-se de uma produção em cooperativa, na qual não houve financiamento. Ao contrário, os associados cuidaram eles mesmos da sua feitura e realizaram uma vaquinha para pagar os serviços técnicos mais complicados. 

O diretor e líder dessa associação é Adirley Queirós (foto acima). Dos 16 aos 25 anos, ele foi jogador de futebol profissional, mas estudou cinema na Universidade de Brasília, onde se formou há 10 anos. Branco Sai, Preto Fica é um filme ficcional que poderia ser considerado como de ficção científica, porque fala de um rapaz que foi baleado num baile funk e que volta ao passado para investigar o crime.

O roteiro poderia ter sido um justificado filme de protesto contra os problemas urbanos na periferia do DF que, aliás, não devem ser poucos. Mas resultou numa espécie de brado de guerra de Ceilândia contra Brasília – retratada como o antro da burguesia branca e opressora e que mereceria ser eliminada por meio de uma bomba. Pior do que essa postura ofensiva, que escandalizou muitos artistas e intelectuais brasilienses, a maior parte do filme é mesmo rudimentar e no fundo só interessa a quem o fez. 

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