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terça-feira, 13 de setembro de 2016

A poesia e o encanto da música popular mostrada em "O Milagre de Santa Luzia"


Documentário cujo slogan é "O Brasil que toca sanfona" tem Dominguinhos no elenco

Dentro de alguns dias chegará às livrarias de São Paulo um livro com o título de “Os 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos”. Esses filmes resultam de uma eleição da qual fizeram parte os 100 críticos integrantes da Abraccine. Depois da votação, cada um dos associados escolheu um determinado titulo para escrever a respeito. Agora a Associação está desenvolvendo outro projeto que é os 100 melhores documentários brasileiros. Provavelmente o meu candidato será “O Milagre de Santa Luzia”!
Parece uma orquestra andando e tocando ao mesmo tempo. Mas é apenas o acordeão de Dominguinhos, produzindo todos os efeitos de ritmo, harmonia e fraseado melódico que um único instrumento pode oferecer. Esse é apenas o começo de um documentário musical, em que a sanfona e a música popular brasileira são os temas principais.

Ao contrário do que acontece nos filmes de ficção, não é necessário que os personagens de documentário carreguem uma ação dramática. Mas é essencial que eles possam partilhar conosco esse milagre de presenciar uma mesma experiência real. Por mais que a música interpretada diante da máquina de filmar já esteja escrita e ensaiada, toda a execução de uma peça musical é única e original. 

Dominguinhos e Sivuca, dois músicos que dispensam apresentações, em cena do filme

É isso que faz a força desse gênero em que cada tomada é ao mesmo tempo encenada, como no documentário clássico, e necessariamente imprevisível, como no cinema-verdade. Neste trabalho de Sergio Rozemblit, Dominguinhos é o guia de uma viagem em que visitamos todos os maiores sanfoneiros do país, em seus ambientes naturais e humanos. 

O ponto de partida é o mundo de Luiz Gonzaga e a devoção pernambucana à Santa Luzia, em cujo dia 13 de dezembro ele nasceu. Dia de um antigo ritual descrito como tragédia pelo poeta Patativa do Assaré, que também é personagem do filme. Na verdade, este documentário opera sucessivos milagres de encantamento poético e transe musical, cada um deles equivalente à magia cinematográfica conjurada por mestres do documentário, como foram Jean Rouch e Eduardo Coutinho. 

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