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sábado, 29 de outubro de 2016

O italiano "Belos Sonhos", de Marco Bellocchio, tem sua estreia na Mostra de Cinema de SP


O diretor Marco Bellocchio (foto) é também homenageado esse ano no evento

Entre os filmes cultuados no vasto repertório da 40ª Mostra se destaca “Belos Sonhos”, do italiano Marco Bellochio. Sua chegada ao Brasil para se envolver direto nas atividades do evento, com entrevistas, palestras e máster classes, estava prevista já para o evento de abertura na última  quarta-feira. Mas ele não pode viajar e mandou um bilhete pedindo desculpas ao público paulista. E nesse recado ele dizia que tinha conhecido o cinema brasileiro por meio de três cineastas que conhecera na escola chamada "Centro Experimental de Cinematografia". Eram eles Gustavo Dahl, Paulo Cesar Saraceni e Glauber Rocha. Todos eles há muito tempo falecidos. Isso mostra que o conhecimento de Bellochio sobre o Brasil e o seu cinema se acha bastante defasado.
Outra evidência, por outro lado, é que o próprio cinema de Bellochio se encontra historicamente datado, de modo que poderia ser considerado acadêmico ou tradicional. Sendo ele um artista de 77 anos de idade, se movimentando em uma indústria que começa a receber os seus novos realizadores mal eles saem das universidades, ou antes mesmo desse fato. Aliás, este “Belos Sonhos”, assim como “Vincere”, o seu lançamento anterior no Brasil, é um filme biográfico e também de época – o que fornece mais uma pista sobre as preferências estéticas e temáticas do cineasta que já dirigiu 46 títulos, desde a sua estreia em 1961.

Guardadas as devidas diferenças, seu filme anterior era “Vincere” (ou seja, “Vencer”) - a biografia de um jornalista, assim como o mais recente. Só que este se baseia na trajetória emocional do bestseller "Máximo Gramellini", enquanto “Vincere” consiste na história do ditador Benito Mussolini. Os pontos em comum entre os dois se resumem à técnica narrativa, com predomínio de tomadas curtas, uma luz de meios tons tendendo para o granulado, e um tratamento de som que atribui uma tonalidade metálica para as vozes. 

Cena do longa "Belos Sonhos"

Forçando um pouco no comparativo, poderíamos notar uma mesma fixação materna nos dois protagonistas. Explico enquanto a mãe de Máximo morreu cedo demais e se fez inesquecível, a pátria mãe italiana de Mussolini se rendeu por completo à política do ditador. Não há dúvida de que o filme anterior é melhor que este mais recente, mas “Belos Sonhos” impressiona como retrato de época. Derrapa, aqui e ali, num sentimentalismo piegas e açucarado apresenta uma portentosa produção. 

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