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sexta-feira, 18 de novembro de 2016

"O Martírio" e "O Mestre e o Divino" abordam o cotidiano e a história de comunidades indígenas


Cena do documentário "Martírio", aplaudido em Berlim

No recente Festival de Brasília, o documentário “Martírio de Vincent Carelli foi várias vezes aplaudido em cena aberta, mas ganhou apenas um Prêmio Especial do Júri. Isso pode não significar muita coisa, mas assume grande importância, se entendermos que os jurados não quiserem premiar este ou aquele aspecto desse documentário – fotografia, roteiro, pesquisa etc – e preferiram premiar o todo, isto é, o conjunto daquela obra monumental de 2 horas e 40 minutos assinada por Vincent Carelli - aliás premiado pelo filme “Corumbiara” em Gramado, no ano de 2009.

“Martírio” é considerado monumental, porque aborda a trajetória dos Guarani Caiová, desde o início da trágica história de seu relacionamento com os brancos, ainda no tempo do Marechal Rondon. Mas essa dimensão totalizante do filme desperta curiosidade acerca das outras histórias, provavelmente mais curtas e não menos interessantes, que devem ter marcado todo esse longo processo. Devem ter acontecido muitas. E algumas podem ter sido filmadas, porque faz tempo que os índios vêm registrando a sua experiência por meio do audiovisual. Uma das mais interessantes poderá ser vista agora.

No dia 17 de novembro foi lançado um primoroso documentário que é “O Mestre e o Divino”, do antropólogo mineiro Tiago Campos, todo filmado no projeto Vídeo nas Aldeias. No mesmo filme, outros dois cineastas retratam o cotidiano na aldeia e na missão de Sangradouro, no Mato Grosso: são eles Divino Tserewahú e Adalbert Heide, um dedicado missionário católico alemão. Logo após o contato inicial com os índios, em 1957, esse missionário começou a filmar tudo o que via na aldeia com sua câmera Super-8. E assim construiu um precioso acervo histórico de imagens e sons impressionantes e absolutamente inéditos, que poderemos admirar nesse filme.

Por sua vez, um jovem cineasta Xavante chamado Divino Tserewahú, vinha produzindo vídeos para a televisão e festivais de cinema desde os anos de 1990. O interesse maior de “O Mestre e o Divino” está no surpreendente relacionamento entre os dois. Professor e discípulo, eles competem entre si diante das lentes de um terceiro cineasta que é o Tiago Campos. Brincam um com o outro, trocam ironias e até críticas. Dessa forma, eles dão vida a seus registros etnográficos, revelando bastidores comoventes e bem humorados da convivência com os índios no Brasil. Não perca “O Mestre e o Divino”. 

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